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STF decreta prisão preventiva do presidente da Alerj por suspeita de vazamento de dados sigilosos da PF

Rodrigo Bacellar é afastado do cargo por decisão de Alexandre de Moraes; investigação aponta obstrução de operações e repasse de informações da Operação Zargun a aliado do Comando Vermelho

Por: Redação

04/12/202509h48

Foto: Lucas Tavares/Agência O Globo

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta quarta-feira (3) a prisão preventiva do presidente da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj), Rodrigo da Silva Bacellar (União). A decisão atendeu a pedido da Polícia Federal (PF), com parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR), e também determinou o afastamento imediato do parlamentar da chefia da Alerj. As medidas integram as investigações sobre o vazamento de informações sigilosas da Operação Zargun, conduzida pela PF.

De acordo com as apurações, há indícios de que Bacellar teria participado da obstrução de operações policiais, contribuindo para frustrar mandados direcionados ao ex-deputado estadual Thiago dos Santos Silva, conhecido como TH Joias, apontado pela PF como aliado do Comando Vermelho.

As investigações apontam que dados sigilosos da operação teriam sido compartilhados antecipadamente, o que permitiu que TH Joias esvaziasse seu imóvel e trocasse de telefone antes da ação policial realizada em 3 de setembro de 2025. Conversas encontradas no celular do investigado indicariam que Bacellar foi informado sobre a troca de número e orientado sobre a retirada de objetos da residência do ex-parlamentar.

Na decisão, Moraes classificou os elementos apresentados pela PF como “gravíssimos”. O ministro afirmou que as evidências sugerem que o presidente da Alerj estaria “atuando ativamente pela obstrução de investigações envolvendo facção criminosa e ações contra o crime organizado”.

Segundo o despacho, Bacellar também teria influência sobre setores do Poder Executivo estadual, o que ampliaria o risco de continuidade da interferência indevida nas apurações. A PF aponta suspeitas de participação em organização criminosa, obstrução de investigação, violação de sigilo funcional, entre outros possíveis delitos.

Além da prisão preventiva de Bacellar, Moraes autorizou buscas e apreensões em endereços ligados aos investigados, incluindo gabinetes na própria Alerj.

Para o assessor parlamentar Thárcio Nascimento Salgado, suspeito de auxiliar TH Joias na tentativa de fuga, o ministro impôs medidas cautelares alternativas à prisão, como: uso de tornozeleira eletrônica; recolhimento domiciliar noturno; proibição de uso de redes sociais; entrega do passaporte.

A decisão, proferida na Petição (PET) 14969, derivada da ADPF 635 (ADPF das Favelas), determina ainda a oitiva dos investigados, a análise de dispositivos eletrônicos apreendidos e o compartilhamento de informações com o Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).

Órgãos do governo do Rio de Janeiro e a Imprensa Oficial do Estado deverão fornecer documentos e logs de acesso que auxiliem na investigação. O foco é aprofundar indícios de crimes com repercussão interestadual e internacional e possível atuação de grupos criminosos violentos com apoio de agentes públicos.

Como determina a Constituição, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro será formalmente comunicada para deliberar sobre a manutenção da prisão do deputado Rodrigo Bacellar.

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