Prefeitura se ausenta de audiência pública sobre crise na UPA de Itapuã, onde criança de 5 anos morreu
Debate ocorreu nesta terça-feira (2), na sede do Malê Debalê, e discutiu falhas no atendimento que resultaram na morte de Marcos Túlio
Por: Redação
02/12/2025 • 16h32 • Atualizado
A situação crítica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Itapuã voltou ao centro do debate público na manhã desta terça-feira (2), durante uma audiência realizada na sede do Malê Debalê, no Alto do Abaeté. A unidade, que já vinha sendo alvo de reclamações da comunidade, foi palco de uma tragédia em março deste ano: a morte de Marcos Túlio, de apenas 5 anos.
No dia 27 daquele mês, Marcos chegou à UPA apresentando vômito, febre e mal-estar. Mesmo com o quadro clínico, foi liberado com diagnóstico de dengue. Contudo, o laudo do IML apontou posteriormente que a criança morreu de meningite, o que levou a família a acusar a gestão da unidade de negligência.
A audiência pública foi convocada pelo vereador Silvio Humberto (PSB), após ser procurado pelos pais de Marcos. A expectativa era de que representantes da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) e do Ministério Público da Bahia (MPBA) participassem do debate. No entanto, nenhum representante dos dois órgãos compareceu. A ausência do MP já havia sido comunicada com antecedência, mas a SMS, que havia confirmado presença, não enviou nenhum preposto nem justificativa até o momento.
A ausência da Prefeitura foi criticada pelos participantes, especialmente pelo pai do menino, Túlio Marcos da Silva, que lamentou o esvaziamento do debate. “O Ministério Público ao menos justificou. Já a Secretaria Municipal de Saúde mostrou o respeito que a Prefeitura de Salvador hoje tem com a população no que é relacionado à saúde. Não enviou representante, nem alguém da comunicação, nada. Isso é frustrante, mas não vamos deixar de lutar. Queremos evitar que nossa dor se repita com outras famílias.”
O vereador Silvio Humberto afirmou que, apesar do boicote institucional, a audiência pretende encaminhar propostas para melhorar a saúde pública do município. “O que estamos vivenciando é a busca por soluções. Vamos denunciar o estado de coisas que eu mesmo presenciei há quase três anos. O objetivo é salvar vidas. Salvador precisa de uma saúde pública de qualidade.”
O líder comunitário Eric Pereira, também presente, reforçou a gravidade da situação e a importância do debate. “Sabemos das dificuldades enfrentadas pelos profissionais, mas isso não pode justificar erros. A comunidade precisa ser ouvida. Que isso se transforme em medidas concretas.”
A audiência reforçou a preocupação da população de Itapuã com a precariedade da UPA e a necessidade de respostas efetivas do poder público. A ausência da Prefeitura, no entanto, evidenciou a distância entre a gestão municipal e os moradores que aguardam soluções, especialmente após uma tragédia que ainda mobiliza dor e revolta.

