Durante operação de grande escala realizada pela Polícia Federal, nesta quinta-feira (17), maços de dinheiro foram encontrados ocultos dentro de um sapato na residência do vereador Francisco Nascimento, mais conhecido como "Francisquinho", primo de Elmar Nascimento, em Campo Formoso, na Bahia. O parlamentar é primo do deputado federal Elmar Nascimento e está sendo investigado por envolvimento em um esquema de corrupção envolvendo emendas parlamentares e manipulação de licitações municipais.

A operação, que faz parte da quinta fase da Operação Overclean, visa desmantelar práticas ilícitas relacionadas a contratos públicos financiados por emendas parlamentares. As investigações apontam que Francisquinho utilizou seu cargo anterior de secretário-executivo para manipular processos licitatórios e favorecer a empresa Allpha Pavimentações, eliminando concorrentes de maneira fraudulenta. Em conversas interceptadas, o vereador revelou ter repassado informações privilegiadas aos empresários da empresa, chegando a coordenar ações junto ao pregoeiro para desclassificar outras propostas.

Em 2023, a Allpha Pavimentações foi beneficiada com contratos que somaram cerca de 56,9 milhões de reais com a prefeitura de Campo Formoso, sendo parte significativa desse montante oriunda do controverso orçamento secreto. A investigação também detalha o envolvimento do deputado Elmar Nascimento, que teria direcionado emendas para a empresa em questão. A movimentação de recursos ilícitos, conforme apurado, tem sido uma prática recorrente dentro do esquema.

Este não é o primeiro episódio envolvendo tentativas de ocultação de dinheiro por parte de Francisquinho. Em 2024, o vereador foi flagrado durante uma operação da polícia jogando uma sacola com 220 mil reais pela janela de sua residência, uma ação que levantou suspeitas sobre a origem do montante. A descoberta de maços de dinheiro dentro de um sapato na operação de hoje é apenas mais uma evidência de suas tentativas de esconder recursos ilícitos.

Além de Francisquinho, outros nomes importantes também são citados nas investigações. Marcelo Moreira, ex-presidente da Codevasf, e Amaury Albuquerque, ex-assessor parlamentar, são apontados como envolvidos no esquema, com Albuquerque recebendo pagamentos suspeitos que totalizam quase meio milhão de reais.

O caso ganha relevância não apenas pelas práticas ilícitas envolvendo figuras públicas, mas também pelo escopo das investigações, que têm o potencial de revelar um vasto esquema de corrupção que envolve políticos e empresários no estado da Bahia. A descoberta de novos detalhes a cada fase da operação mostra como o uso do orçamento secreto pode ser um vetor para o desvio de recursos públicos e favorecimento de empresas de maneira ilegal.

A Operação Overclean segue em andamento, e a Polícia Federal promete continuar suas investigações até o desmantelamento completo das redes de corrupção identificadas. Enquanto isso, a sociedade observa com atenção o desfecho desse caso que pode representar um marco na luta contra a corrupção no Brasil.