Estado reinaugura Museu do Recôncavo Wanderley Pinho e resgata memórias históricas de Candeias
Reforma de R$ 42 milhões traz exposições multimídia, restauração do acervo e novo atracadouro, fortalecendo turismo cultural e narrativas de povos negros e indígenas
Por: Redação
09/12/2025 • 09h58
O Recôncavo Baiano ganhou, nesta segunda-feira (8), um importante presente para sua história e identidade cultural. O Museu do Recôncavo Wanderley Pinho, instalado no antigo Engenho Freguesia, construção do século XVI às margens da Baía de Todos-os-Santos foi oficialmente reaberto após um amplo processo de restauração. O espaço retorna à cena cultural com exposições multimídia, iluminação cênica, acervo restaurado e áreas renovadas que ampliam o diálogo entre passado e presente. A entrega foi realizada pelo governador Jerônimo Rodrigues em meio à presença de moradores, autoridades e especialistas em patrimônio.
A reforma devolve ao público um dos mais simbólicos equipamentos culturais da Bahia, marcado pela arquitetura colonial e pela memória da economia açucareira e da escravidão no estado. Agora, o museu assume um novo papel: ser um espaço educativo, sensível e acessível, com foco na preservação das identidades que moldaram o Recôncavo.

“Este museu não é apenas um prédio restaurado. Ele representa nossa luta por reconhecer as histórias que sempre estiveram aqui, mas não eram contadas. Queremos que os estudantes venham, conheçam e façam sua própria leitura desse passado”, afirmou o governador Jerônimo Rodrigues, reforçando o compromisso do Estado com a educação e a cultura.
A reabertura também impacta diretamente a economia local. Para a comerciante Dalila Ramos, moradora de Candeias, o equipamento cultural abre novas perspectivas: “Quando o museu abre as portas, ele abre também para o nosso trabalho. Os visitantes conhecem a história e acabam conhecendo a nossa comida, o nosso artesanato, a nossa comunidade. Isso muda tudo para melhor.”
Com investimento de cerca de R$ 42 milhões pelo Prodetur Nacional Bahia, sob coordenação da Secretaria de Turismo (Setur-BA), a obra incluiu restauro das edificações, urbanização do entorno, modernização da segurança com 136 câmeras e a construção de um novo atracadouro, que permitirá o acesso de visitantes também pelo mar.
A chefe de gabinete da Setur-BA, Giulliana Brito, destacou o salto que o museu representa para o turismo. “Esta requalificação coloca o Recôncavo no mapa do turismo cultural do Brasil e do mundo. Vamos inserir o museu em roteiros nacionais e internacionais, promovendo a região como destino histórico e de experiência cultural.”
Além disso, a Secretaria de Infraestrutura (Seinfra) investiu R$ 4,5 milhões na pavimentação de 2,18 km de vias que ligam o distrito de Caboto ao equipamento cultural, garantindo melhor acesso por terra e fortalecendo a rota turística integrada.
O reposicionamento do museu dá ênfase às narrativas negras e indígenas, destacando memórias historicamente silenciadas. A exposição temporária “Encruzilhadas” reúne 40 artistas brasileiros e africanos, como Mestre Didi, Pierre Verger, Rubem Valentim e Alberto Pitta. O acervo permanente conta com 260 peças, das quais 141 foram restauradas, incluindo imagens sacras dos séculos XVII a XIX.
“O que entregamos aqui é um espaço vivo, de reflexão, crítica e diálogo com as comunidades do entorno. Este museu agora fala a partir do Recôncavo, dos povos da terra, dos povos negros e da força que construiu este país”, destacou o secretário de Cultura, Bruno Monteiro.
Com a reinauguração, o Museu do Recôncavo Wanderley Pinho se consolida como um polo de educação, memória e turismo cultural, promovendo o diálogo entre passado e presente e reforçando a identidade do Recôncavo Baiano.

