Jogos: A porta de entrada perfeita para o Blockchain
Através da diversão e imersão, o jogo esconde os desafios técnicos do blockchain, tornando-se o ponto de entrada ideal para a adoção em massa da Web3
Por: João Ribeiro
14/11/2025 • 10h46 • Atualizado
Se você já tentou explicar o que é uma carteira para um amigo, provavelmente já viu os olhos dele vidrarem. Seed phrases, gas fees, cross-chain bridges… A verdade é que, para a maioria das pessoas, a Web3 ainda parece uma sala de máquinas complexa e intimidadora. Muitos de nós, builders, acreditamos que as finanças descentralizadas (DeFi) ou a arte digital (NFTs) seriam o motor da adoção em massa. Mas e se a resposta sempre esteve em um lugar muito mais familiar?
Seja você um builder tentando integrar sua comunidade ou aquele amigo curioso tentando entender o buzz, o caminho para a adoção em massa enfrenta a mesma barreira: a complexidade. Porém, e se a solução sempre esteve diante de nós?
Eu defendo que os games já estão trazendo os próximos 100 milhões de usuários para o blockchain. E estão fazendo isso quase de forma invisível, focando não na tecnologia, mas na diversão. Operando diariamente no cruzamento entre comunidades de games na América Latina e tecnologias de ponta como a Avalanche, vejo essa revolução acontecer em tempo real. Ela se sustenta sobre três pilares fundamentais.
1. A “Abstração Mágica” dos Jogos
Bons jogos são mestres em esconder a complexidade. Você não precisa entender a Unreal Engine para ficar impressionado com seus gráficos, nem estudar C++ para curtir uma partida. A tecnologia serve à experiência — e não o contrário. A Web3 está finalmente aprendendo essa lição.
Abstração é o processo de pegar algo complexo e apresentá-lo de forma simples. Os jogos mais inovadores já fazem isso com o blockchain. Em vez de forçar o jogador a instalar extensões e anotar 12 palavras, eles integram a criação da carteira no primeiro login com uma conta Google ou Apple. Uma compra de item no jogo que, na prática, é uma transação segura e registrada on-chain acontece com a mesma fluidez de uma compra na Steam.
O jogador não precisa saber que está usando uma Layer 1 da Avalanche para que sua transação seja quase instantânea e barata. Ele só precisa ver o item aparecer no inventário. A tecnologia, quando aplicada corretamente, se torna invisível. A complexidade dá lugar à magia.
2. Propriedade Digital Real: O Vínculo Emocional
Por anos, gamers investiram bilhões em itens digitais, skins, personagens, passes de batalha itens que, na prática, nunca foram realmente deles. Esse dinheiro é um “aluguel” pago a uma empresa, que pode alterar o item, banir uma conta ou até desligar os servidores a qualquer momento.
A Web3 muda essa equação. Um item de jogo representado por um NFT não é apenas uma linha de código em um servidor; é um ativo digital registrado que pertence a você.
Essa ideia de posse real cria um vínculo emocional e financeiro muito mais forte. Como fundador de uma empresa que também atua no mercado de Trading Card Games (TCG), vejo um paralelo imediato: assim como uma carta rara de Magic: The Gathering tem valor real, seus itens digitais agora também têm. Eles podem ser vendidos, trocados com amigos ou até usados em outros jogos compatíveis no futuro. Seus ativos digitais se tornam uma extensão da sua identidade gamer, com valor real e duradouro.

3. Do Jogador ao Stakeholder: A Revolução
Os primeiros modelos Play-to-Earn foram um portal, mas a verdadeira revolução está no modelo Play-and-Own. A mudança é sutil, porém profunda: não se trata mais de “jogar para ganhar”, mas de “jogar e se tornar dono” de uma parte do ecossistema.
Isso transforma a dinâmica da comunidade. No meu trabalho diário com comunidades gamer, vejo jogadores deixarem de ser consumidores passivos e se tornarem stakeholders. Eles têm interesse direto até financeiro no sucesso do jogo. Tornam-se os maiores evangelistas do projeto, criando conteúdo, dando feedback construtivo aos desenvolvedores e defendendo o jogo, porque o sucesso do ecossistema também é o deles.
Essa comunidade engajada é o ativo mais valioso de qualquer projeto Web3. Ela é a governança, o marketing e a alma do jogo.
Acredite: o futuro é divertido.
A adoção em massa do blockchain não virá por meio de manuais complicados, mas pela diversão, competição e sentimento de pertencimento que somente os games oferecem. A distinção entre “jogo” e “jogo blockchain” está destinada a desaparecer. Serão apenas “jogos” — e os melhores entregarão verdadeira propriedade aos seus jogadores.
Para os builders, a mensagem é clara: foquem na diversão e abstraiam a tecnologia. A comunidade, empoderada pela propriedade, fará o resto.
Para os gamers curiosos, mas perdidos sobre por onde começar, o conselho é simples: o melhor momento para aprender é agora. E você não precisa mergulhar de cabeça.
- Explore o ecossistema com um guia: O primeiro passo pode ser intimidante. É por isso que plataformas como a Cascade são tão valiosas. Construída sobre a Avalanche, ela atua como um ponto de partida, reunindo jogos e missões para ajudar você a explorar o ecossistema — e até ganhar recompensas enquanto aprende.
- Entre em uma comunidade: Entre no Discord ou Telegram de um jogo que te interesse. Observe, ouça. Você aprenderá mais ali do que em qualquer artigo.
- Jogue: A melhor forma de aprender é fazendo. Experimente um jogo free-to-play e entenda as dinâmicas sem riscos.
A próxima fronteira da internet está sendo construída, e a porta de entrada pode muito bem ser aquele ícone de jogo na sua área de trabalho.
Ao iniciar sua jornada, você terá mais perguntas. É para isso que estou aqui. Posto regularmente insights, guias e análises sobre esse tema.

