Entre muros, a educação abre caminhos e transforma histórias na Bahia
Estudantes da EJA celebram a conclusão da Educação Básica em unidade prisional de Salvador
Por: Redação
16/12/2025 • 08h37
A manhã desta segunda-feira (15) foi de emoção, esperança e novos começos no Conjunto Penal Masculino de Salvador, no bairro de Mata Escura. Em um ambiente marcado por desafios, a educação ganhou protagonismo durante a Cerimônia de Conclusão da Educação Prisional, promovida pela Secretaria da Educação do Estado da Bahia (SEC), que celebrou a formatura de 32 estudantes da Educação de Jovens e Adultos (EJA).

Entre olhares atentos, aplausos contidos e a presença de familiares, educadores e gestores públicos, a cerimônia simbolizou muito mais do que a conclusão da Educação Básica. Representou a retomada de sonhos, a reconstrução de trajetórias e a certeza de que o conhecimento pode florescer mesmo em contextos de privação de liberdade.
Representando a secretária da Educação, Rowenna Brito, a superintendente de Políticas para a Educação Básica da SEC, Helaine Souza, ressaltou o significado profundo do momento. “Hoje não celebramos apenas certificados, mas histórias que foram retomadas e saberes construídos ao longo da vida. A educação amplia horizontes, fortalece vínculos com o conhecimento e sustenta novos projetos de futuro”, afirmou.
Segundo Helaine, a política de Educação Prisional vai além da sala de aula, integrando ações pedagógicas, programas de permanência estudantil, acesso a tecnologias educacionais e iniciativas de qualificação profissional. “Esta é uma nova oportunidade para essas pessoas, mas também para nós, enquanto Estado, de reafirmar o compromisso com o direito à educação e com a construção de novos horizontes”, completou.
Somente em 2025, 252 estudantes concluíram a EJA em unidades prisionais da Bahia, espalhadas por 10 cidades e 12 Territórios de Identidade. Atualmente, a política educacional alcança 3.342 estudantes privados de liberdade em todo o estado, garantindo o acesso à escolarização e reafirmando a educação como ferramenta de inclusão social, ressocialização e exercício da cidadania.
Entre os formandos, a estudante identificada pelas iniciais A. S. J., única mulher da turma, emocionou ao falar sobre o significado do estudo em sua vida. “Mesmo privados de liberdade, não perdemos a capacidade de sonhar. O estudo nos permite reavaliar nossas escolhas e acreditar que novas portas podem se abrir, inclusive no mundo do trabalho”, relatou.
Ao celebrar publicamente essas conquistas, o Governo da Bahia reafirma a educação em prisões como política de Estado e estratégia fundamental para a redução das desigualdades. A formatura realizada na capital também aponta para a ampliação dessas ações em outras unidades prisionais, consolidando a EJA como base para novos caminhos e oportunidades. Para o superintendente de Ressocialização da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (SEAP), Bacildes Moraes Terceiro, o impacto da iniciativa ultrapassa os muros do sistema prisional. “A educação é fundamental na prevenção da criminalidade, no enfrentamento ao recrutamento por organizações criminosas e na promoção da humanização. Este evento demonstra que o Estado acredita nas pessoas e no poder transformador da educação, independentemente de sua origem ou condição”, destacou.

