Sem prazo, Bruno Reis adia envio do novo PDDU e transfere responsabilidade à Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Prefeito não estipula prazo para envio do projeto e diz que proposta será construída com participação popular e consultoria da FGV
Por: Redação
14/08/2025 • 10h59
Dois anos após o vencimento do prazo para atualização do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano (PDDU) de Salvador, a gestão municipal continua sem apresentar datas concretas ou diretrizes claras para a revisão do principal instrumento de planejamento da cidade. Em entrevista concedida nesta quarta-feira (13), o prefeito Bruno Reis (União Brasil) afirmou que o novo PDDU só será enviado à Câmara Municipal após a entrega de uma minuta pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), contratada como consultora do processo.
A declaração, feita durante evento comemorativo dos 50 anos da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), gerou críticas de urbanistas e movimentos sociais, que apontam a falta de transparência e de protagonismo da gestão pública na condução do debate.
Já contratamos a consultoria responsável por estudar e apresentar sugestões na atualização do PDDU. A FGV é uma das instituições de maior credibilidade do país. Ela vai apresentar um cronograma de debates com a sociedade, afirmou o prefeito, sem detalhar prazos nem compromissos efetivos da Prefeitura.
Bruno Reis também disse que a proposta será consolidada após a realização de audiências públicas. No entanto, até agora, a população não conhece o calendário de debates, tampouco os critérios que irão nortear as discussões.
A centralização das decisões nas mãos da FGV, por mais respeitada que seja, levanta preocupações sobre o papel do poder público no processo. Especialistas em urbanismo alertam que a Prefeitura deveria liderar a escuta da sociedade, definir diretrizes públicas e garantir a transparência desde o início da revisão.
A escolha do prefeito de anunciar a indefinição durante um evento voltado ao setor imobiliário também chamou a atenção. Movimentos populares que lutam por moradia, mobilidade e justiça ambiental afirmam que a ausência de prazos e a falta de participação efetiva da sociedade civil abrem espaço para pressões de interesses econômicos sobre o novo plano.
Desde a pandemia, Salvador convive com a ausência de um PDDU atualizado. Nesse período, a cidade enfrentou crescimento urbano desordenado, especulação imobiliária em áreas sensíveis e aumento da desigualdade no acesso a moradia e infraestrutura.
A indefinição anunciada por Bruno Reis representa, segundo críticos, mais um capítulo de uma condução pouco transparente e distante da população. Enquanto isso, as decisões sobre o futuro urbano da capital baiana seguem sendo adiadas, sem previsão, sem plano e, principalmente, sem diálogo efetivo com a cidade.