Julgamento de Bolsonaro e generais quebra paradigma de tolerância com golpismo no Brasil
Pela primeira vez, altos oficiais das Forças Armadas enfrentam processo judicial por tentativas de subversão da ordem democrática
Por: Redação
01/09/2025 • 15h09 • Atualizado
O julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e de quatro oficiais generais envolvidos nas tentativas de subversão da ordem democrática marca uma ruptura histórica na forma como o Brasil lida com militares que tentam interferir na política. Pela primeira vez, altos oficiais das Forças Armadas enfrentam um processo judicial sério por envolvimento em conspirações golpistas.
Entre os acusados, estão o ex-ministro da Casa Civil, Walter Braga Netto, o ex-ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, o ex-titular do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, e o almirante Almir Garnier. Esses oficiais são investigados por suas ações durante e após as eleições de 2022, especialmente no que diz respeito à tentativa de deslegitimar o processo eleitoral e à articulação de um movimento contra a ordem constitucional.
O julgamento representa uma mudança de paradigma para as Forças Armadas e para o país. Até hoje, o padrão dominante foi o de proteger ou anistiar militares que, ao longo da história, se envolveram em tentativas de golpe. Este padrão, que se estende desde o golpe que fundou a República em 1889, foi quebrado de forma inédita.
Entre os militares acusados, Walter Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa, é apontado como o coordenador de algumas das ações mais graves que comprometeram a integridade do processo eleitoral. Já o general Augusto Heleno, ex-ministro do GSI, é considerado um dos principais responsáveis pela narrativa que questionava as urnas eletrônicas e, por consequência, a legitimidade das eleições.
A Procuradoria-Geral da República argumenta que, além de omissos, os generais envolvidos na conspiração ajudaram a alimentar um clima de instabilidade, essencial para a tentativa de golpe. O almirante Garnier é acusado de fornecer apoio material e moral a esses movimentos, enquanto Paulo Sérgio Nogueira é visto como um aderente passivo às ações golpistas.
O julgamento tem o potencial de ser um marco no tratamento das tentativas de subversão da ordem democrática. Contudo, como observam os especialistas, o maior desafio ainda é a politização das Forças Armadas, um tema que segue gerando debates acirrados no cenário político e militar.
O Superior Tribunal Militar (STM), deverá avaliar a perda do cargo e da patente dos oficiais caso sejam condenados a mais de dois anos de prisão, gerando discussões sobre o impacto desse caso nas Forças Armadas.
O julgamento de Bolsonaro e dos generais não apenas coloca um ponto final em uma era de impunidade para militares envolvidos em golpes, mas também envia uma mensagem clara: as instituições democráticas brasileiras estão mais firmes do que nunca em sua defesa contra qualquer tentativa de subversão.
Com o fortalecimento das instituições e o amadurecimento da democracia, o Brasil parece estar caminhando para uma nova fase, onde os responsáveis por tentar romper com a ordem constitucional serão responsabilizados. Resta saber agora como o processo se desdobrará e qual será a resposta das Forças Armadas, um dos pilares da política brasileira.