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Fila Zero, solução temporária: programa em Lauro de Freitas revela mais sobre o colapso da saúde do que sobre seus avanços

O encerramento da terceira edição do programa, acontece nesta quinta-feira (21)

Por: Redação

19/08/202514h08Atualizado

Foto: Tiago Pacheco

O encerramento da terceira edição do programa Lauro Fila Zero, acontece nesta quinta-feira (21), no Centro de Lauro de Freitas. Com tendas montadas na Praça da Matriz e dezenas de atendimentos especializados ofertados, o evento se repetiu como nos anteriores: fila zerada por alguns dias, aplausos oficiais e muita divulgação institucional. Mas o que acontece quando as tendas vão embora?

Mais do que uma ação de saúde, o programa tem se mostrado um paliativo com cara de espetáculo. A fila realmente diminui por uma semana. Os exames são feitos em regime concentrado. Mas logo após o encerramento, o sistema volta ao seu ritmo habitual: marcação lenta, falta de médicos, escassez de exames e sobrecarga nos postos fixos.

A Prefeitura divulga números expressivos: mais de 62 mil procedimentos realizados nas três edições. Parece muito, e é. Mas, paradoxalmente, essa quantidade apenas evidencia o tamanho da demanda reprimida e o quanto o sistema regular está falhando em absorver a população de forma contínua e digna.

Enquanto isso, o que deveria ser uma estrutura permanente de saúde pública eficiente e descentralizada segue substituída por "mutirões itinerantes". São ações que funcionam como cortinas de fumaça para os verdadeiros problemas: subfinanciamento crônico, falta de profissionais, demora nos exames e filas que continuam existindo mesmo depois do Fila Zero.

Outro ponto crítico é a ausência de transparência sobre os critérios de escolha dos bairros contemplados, os custos da operação, a contratação de clínicas privadas e, principalmente, os impactos de longo prazo na melhoria da saúde pública da cidade. Zerar a fila momentaneamente não significa solucionar o problema, apenas empurrá-lo para mais adiante ou para outro bairro.

A próxima edição do programa será no bairro de Portão. Os atendimentos pontuais vão acontecer, a fila será novamente “zerada” e os números, divulgados com festa. Mas até quando a população aceitará soluções temporárias no lugar de políticas públicas duradouras?

É urgente que a gestão municipal pare de maquiar a crise e comece a investir de forma estrutural na atenção básica, na ampliação das equipes de saúde da família, na digitalização dos agendamentos e no fortalecimento da rede pública. Sem isso, o Lauro Fila Zero continuará sendo apenas o que o nome já diz: um programa para apagar incêndios não para construir soluções.

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