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Deputados da Bahia gastam R$ 2,5 milhões com aluguel de veículos em 2025: Desperdício ou Necessidade?

Bancada baiana da Câmara dos Deputados tem gastos elevados, com picapes e utilitários de luxo dominando as locações; Raimundo Costa lidera as despesas com R$ 92,6 mil

Por: Redação

20/08/202512h26Atualizado

Foto: Jonas Pereira/Agência Senado

Em um ano marcado por desafios econômicos e fiscais para o Brasil, o uso dos recursos públicos tem se tornado um tema sensível. No entanto, um dado recente chama a atenção: somente entre janeiro e julho de 2025, os 39 deputados federais da Bahia gastaram impressionantes R$ 2,5 milhões com aluguel de veículos. Este valor, que representa uma média de R$ 63 mil por parlamentar, é um reflexo de como o uso de verba pública pode se desviar da finalidade de "serviço ao povo", levando a questionamentos sobre a racionalidade dos gastos no Congresso Nacional.

O campeão de gastos com locação de veículos na bancada baiana é o deputado Raimundo Costa (Podemos), que usou R$ 92,6 mil da Cota para Exercício da Atividade Parlamentar (CEAP) para pagar aluguel de carros. Não muito atrás, sete outros deputados também apresentaram despesas que beiram os R$ 88 mil. Para muitos eleitores, é difícil compreender como gastos dessa magnitude possam ser justificados, especialmente quando a média salarial de muitos cidadãos da Bahia não chega perto desse valor.

Entre os veículos alugados, predominam picapes e utilitários de luxo como a Toyota Hilux, Chevrolet S10 e Ford Ranger, o que só amplia a sensação de distanciamento da realidade da população. Afinal, enquanto milhões de brasileiros enfrentam dificuldades para colocar comida na mesa, ver parlamentares utilizando carros de luxo para o desempenho de suas funções levanta questionamentos legítimos sobre a ética do gasto público.

Embora a Cota para Exercício da Atividade Parlamentar tenha o objetivo de apoiar o desempenho das funções de um deputado, o uso excessivo e muitas vezes questionável de recursos públicos para locação de carros, além de outros custos, reforça a desconfiança em relação ao sistema. Mesmo com a transparência dos gastos sendo acessível no portal da Câmara dos Deputados, muitos cidadãos se perguntam: é necessário gastar tanto em locação de veículos de alto luxo para cumprir funções parlamentares?

O valor gasto é ainda mais impactante quando se observa que, ao menos até julho de 2025, vários deputados não apresentaram todas as notas fiscais relacionadas ao mês de julho, o que pode indicar um valor final ainda mais alto. Esse tipo de omissão só agrava a sensação de que a fiscalização sobre as despesas poderia ser mais rigorosa.

Vale destacar também que, enquanto alguns deputados gastaram valores exorbitantes com locação de veículos, oito parlamentares baianos conseguiram manter suas despesas com carros bem abaixo da média. Deputados como Ricardo Maia (MDB) e Elmar Nascimento (União Brasil), com gastos de R$ 53 mil e R$ 39 mil, respectivamente, surgem como exemplos de uso mais moderado dos recursos. Essa discrepância de gastos acende outro debate: por que a locação de veículos de luxo se tornou tão comum para parlamentares que, teoricamente, têm à disposição outros meios de transporte ou alternativas mais acessíveis?

O alto gasto com locação de veículos, especialmente de alto luxo, é mais um sintoma do distanciamento entre os representantes e a realidade do povo que deveriam servir. Ao invés de veículos de luxo, seria mais prudente que os parlamentares investissem em soluções que promovam o bem-estar coletivo, com a alocação de recursos em áreas mais urgentes, como saúde, educação e segurança pública.

Ainda mais quando consideramos que boa parte da população baiana enfrenta uma realidade de dificuldades econômicas, com altos índices de desemprego e uma inflação que pesa no bolso do cidadão. Seria justo que parte desses recursos fosse revertida em políticas públicas mais eficazes?

Enquanto a classe política tem a responsabilidade de zelar pela ética e pelo bom uso dos recursos públicos, também é importante que a sociedade se posicione, cobrando maior transparência e responsabilidade no gasto do dinheiro dos impostos. Para além de um escândalo de números, esse tipo de situação é um alerta para que a política se volte para as necessidades reais da população, e não para interesses pessoais ou exibicionismo de luxo.

O exemplo de Raimundo Costa, o "campeão" de gastos, e de outros deputados que seguem na mesma linha, é um reflexo de um sistema que ainda carece de ajustes em termos de ética e responsabilidade fiscal. O desafio agora é conseguir transformar essas críticas em ação, para que o dinheiro do contribuinte seja utilizado de maneira mais sensata e que o povo baiano e brasileiro em geral se sinta representados por aqueles que escolheram para defendê-los.

A pergunta que fica é simples: é realmente necessário gastar milhões de reais com aluguel de carros luxuosos enquanto a população enfrenta desafios cotidianos de sobrevivência? O exemplo da bancada baiana deveria servir de reflexão para todos os parlamentares do Brasil, incentivando um uso mais responsável e consciente da Cota Parlamentar, com foco no que realmente importa: melhorar a qualidade de vida dos cidadãos e não exibir status e privilégios.

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