Crise entre Câmara e Prefeitura cresce após ausência de secretário em sessão sobre Educação
Secretário Thiago Dantas ignora Câmara e reforça críticas sobre falta de articulação e respeito institucional da Prefeitura de Salvador
Por: Redação
16/09/2025 • 09h44
A Câmara Municipal de Salvador viveu mais um episódio de tensão com a gestão do prefeito Bruno Reis (União Brasil), após a ausência não justificada do secretário de Educação, Thiago Dantas, na reunião marcada para a última segunda-feira (15). A sessão tinha como pauta o Projeto de Lei Complementar que visa regulamentar o acordo firmado entre a Prefeitura e a APLB Sindicato, após a greve dos servidores da educação municipal.
A expectativa era de que o secretário prestasse esclarecimentos sobre pontos sensíveis do projeto, que propõe mudanças significativas no Plano de Carreira do Magistério, no Fundo Municipal de Educação e no Programa Dinheiro Direto na Escola. No entanto, a cadeira reservada ao chefe da pasta ficou vazia, sem qualquer justificativa formal encaminhada à Câmara.
O episódio gerou forte reação dentro da Casa. O presidente da Câmara, Carlos Muniz (PSDB), foi direto ao criticar a postura do secretário e do governo municipal. "Se o secretário não poderia vir, deveria ter adiado. Ele não participou das negociações, não esteve presente nos momentos de crise, quando a Câmara foi ocupada pelos profissionais da educação, e agora, ao ser convidado, simplesmente não aparece nem dá satisfação. Isso é um desgaste, e o maior prejudicado é o governo", afirmou.
O mal-estar foi ampliado pela divisão entre os vereadores: enquanto uma ala defendia manter a sessão e deliberar mesmo sem a presença do secretário, outra parte pressionava pelo adiamento, alegando falta de condições para debater com responsabilidade sem os devidos esclarecimentos técnicos.
No fim, prevaleceu o entendimento pelo adiamento da reunião para a próxima segunda-feira, 22 de setembro. O clima, no entanto, é de frustração e de alerta sobre a forma como o Executivo tem conduzido o diálogo com o Legislativo, especialmente em pautas delicadas como a da educação, que já foi palco de greves, ocupações e desgaste político nos últimos meses.
A ausência de Dantas não é um caso isolado. Sua baixa participação durante a greve dos educadores e a falta de envolvimento nas negociações com a categoria vêm sendo criticadas por parlamentares e lideranças sindicais. Agora, ao não comparecer a uma sessão crucial, o secretário reforça a percepção de distanciamento, falta de compromisso institucional e desorganização dentro da gestão Bruno Reis.
Para uma prefeitura que tenta recuperar a imagem após sucessivos embates com servidores e categorias essenciais, episódios como esse colocam em xeque a capacidade de articulação política e de gestão do próprio prefeito que, até o momento, não se pronunciou sobre a ausência do secretário.