A Bahia segue apresentando resultados positivos no combate à violência. O Estado registrou uma redução de 8,3% no número de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI) em 2024, em comparação a 2023. Esse resultado não é um fenômeno isolado: desde 2022, a queda tem sido constante, sinalizando uma trajetória de progresso na segurança pública do estado. Entre 2021 e 2024, os registros de CVLI caíram 20,5%, o que representa uma diminuição significativa no número de vidas perdidas para a violência.

Os números são apresentados no primeiro anuário do Instituto de Segurança Pública, Estatística e Pesquisa Criminal (ISPE), lançado em julho de 2025. O anuário, fruto de um trabalho colaborativo entre o ISPE e a Universidade do Estado da Bahia (UNEB), reúne dados detalhados sobre a criminalidade no estado, servindo como uma poderosa ferramenta de monitoramento e planejamento para as autoridades de segurança pública.

A publicação do anuário representa um marco importante para a Polícia Civil da Bahia. A partir deste ano, os dados de segurança pública estão sendo disponibilizados de forma mais acessível e transparente para a sociedade. A equipe do ISPE, formada por profissionais de diversas áreas, como economistas, sociólogos e estatísticos, tem trabalhado para fornecer uma visão clara e precisa dos índices de criminalidade.

O delegado Omar Andrade Leal, diretor do ISPE, destaca que a utilização dos dados já tem gerado impactos positivos. Recentemente, a prefeitura de Juazeiro solicitou informações sobre os índices de segurança para planejar ações conjuntas com a Secretaria de Segurança Pública (SSP) para reduzir a criminalidade local. “Esses dados são ferramentas poderosas para a construção de políticas públicas mais eficazes”, explica Leal.

Além disso, o anuário reafirma o compromisso da Polícia Civil com a transparência, permitindo que a sociedade e a academia possam acompanhar os avanços na segurança pública e contribuir com estudos e soluções para os problemas enfrentados.

Apesar da redução nos homicídios, o anuário alerta para o aumento de outros tipos de crimes. O número de estelionatos, por exemplo, subiu 13%, superando os furtos como o crime patrimonial mais recorrente em 2024. A crescente criminalidade digital, com golpes mais sofisticados, também está entre os principais desafios. “A criminalidade se transformou, e os criminosos agora atuam com mais sofisticação, especialmente no meio digital”, destaca Leal.

Além disso, o aumento de crimes como lesão corporal seguida de morte (19,8%) e latrocínios (8,7%) demonstra que a violência continua a se manifestar de formas diversas, exigindo uma resposta ainda mais estratégica das autoridades.

Outro ponto importante é a interiorização da violência, com uma queda menor de CVLIs nas cidades do interior do estado, quando comparado à capital e Região Metropolitana. A maior concentração de crimes em áreas periféricas e a presença de organizações criminosas na região são fatores que desafiam o trabalho das forças de segurança, que precisam adaptar suas estratégias para enfrentar as especificidades locais.

Para o delegado-geral André Viana, os números positivos não devem ser motivo de complacência. “Ainda há muito a ser feito. A segurança pública é um desafio contínuo, e precisamos continuar trabalhando para fortalecer o sistema de segurança”, afirma Viana.

O anuário também enfatiza que a solução para a violência na Bahia vai além da atuação policial. A violência é um fenômeno multidimensional, relacionado diretamente a fatores como desigualdade social, pobreza e falta de acesso a oportunidades. Nesse sentido, o fortalecimento de políticas públicas nas áreas de saúde, educação e assistência social, bem como a implementação de uma rede de proteção social, especialmente para mulheres vítimas de violência, são essenciais.

Além disso, o fortalecimento das práticas interinstitucionais e o compromisso com a escuta ativa da população são apontados como caminhos fundamentais para a construção de uma segurança mais eficaz e inclusiva. O trabalho conjunto entre as forças de segurança, a sociedade e as diferentes esferas do governo será, sem dúvida, o grande diferencial para uma Bahia mais segura.

A Bahia está avançando na segurança pública, e a redução dos Crimes Violentos Letais Intencionais é um reflexo do esforço contínuo das autoridades e da sociedade. Contudo, a verdadeira transformação passa pela adoção de uma abordagem holística, que envolva todos os aspectos da vida social e que seja centrada no respeito aos direitos humanos e na dignidade das pessoas.

Com a publicação do anuário do ISPE, o estado dá um passo importante na direção da transparência e do uso inteligente dos dados. A luta contra a violência é complexa, mas, com informações de qualidade e ações integradas, a Bahia está mais preparada para enfrentar os desafios e caminhar rumo a um futuro mais seguro para todos.