Silêncio que fala: Jerônimo cobra ACM Neto sobre tarifaço e expõe desconforto da oposição
Governador crítica silêncio sobre tarifas dos EUA e retoma apelido: “Vaqueiro de playground”
Por: Redação
23/07/2025 • 16h25
O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), sabe como usar o microfone a seu favor, e nesta quarta-feira (23), usou com precisão cirúrgica. Durante entrevista à Rádio Sociedade, ele disparou críticas e voltou a mirar em seu principal adversário político, o ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), e cutucou onde dói: no silêncio.
Durante a conversa, o governador não poupou palavras ao cobrar uma postura mais firme do ex-prefeito frente aos impactos econômicos causados pelas tarifas americanas, especialmente no setor do agronegócio, que afetam estados como a Bahia.
O motivo da nova alfinetada? A ausência de posicionamento de Neto diante do "tarifaço" imposto pelos Estados Unidos ao Brasil, uma medida com impactos diretos sobre setores estratégicos da economia, inclusive o agronegócio baiano. Enquanto o presidente Lula reage e o prefeito Bruno Reis ataca o governo federal, o líder da oposição na Bahia parece optar por um incômodo mutismo.
“Na campanha ele ficou no tanto faz. Será que tá tanto faz agora com esse tarifaço?”, provocou Jerônimo, visivelmente irritado com o que considera omissão seletiva de seu rival.
A fala do governador vai além da disputa local: toca no nervo exposto da oposição à esquerda no Brasil, uma oposição que, quando não está atacando o governo federal, prefere o silêncio, principalmente em temas que exigem enfrentamento geopolítico ou defesa da soberania nacional.
Mas Jerônimo não parou por aí. Recuperou o apelido “vaqueiro de playground”, uma referência sarcástica à tentativa de ACM Neto de se associar a elementos da cultura nordestina durante a campanha eleitoral, com chapéus de couro e poses ao lado de bois. Para o governador, a imagem era forçada. E fez questão de dizer: “Eu faço as coisas de vaqueiro não é para agradar a política, não, é porque eu gosto.”
O recado é direto: enquanto uns vivem o personagem, outros vivem a realidade. No subtexto, Jerônimo tenta reforçar sua ligação autêntica com o povo do interior, enquanto pinta Neto como alguém distante, montado em estratégias de marketing.
O mais curioso, porém, é o que o silêncio de Neto revela. Ao evitar o embate sobre as tarifas norte-americanas, ele escapa de criticar seu histórico aliado ideológico, os interesses do mercado internacional e a diplomacia liberal e, ao mesmo tempo, evita endossar a postura de enfrentamento adotada pelo governo Lula. Uma estratégia de neutralidade? Talvez. Mas em tempos de crise, o silêncio pode ser ensurdecedor. E em política, como se sabe, quem cala, nem sempre consente, mas quase sempre perde o controle da narrativa.