Considerada como a maior greve da rede municipal em Salvador desde 2012, a suspensão dos trabalhos da categoria foi deflagrada no dia 6 de maio, depois de meses de tentativas de negociação com a gestão do prefeito Bruno Reis, sem que houvesse acordo. Nesta terça-feira (8) os professores da rede municipal de Salvador decidiram manter a greve que já dura mais de dois meses. A decisão foi tomada durante assembleia promovida pela APLB-Sindicato que avaliou a proposta apresentada pelo prefeito Bruno Reis.

De acordo com a APLB-Sindicato as principais reivindicações da categoria são as seguintes: pagamento do Piso Salarial, abertura de concurso público, climatização das escolas municipais, abertura de vagas para mudança de carreira de padrão, de desempenho, além de melhores condições de trabalho nas unidades escolares da capital baiana. 

Segundo o coordenador-geral da APLB-Sindicato, Rui Oliveira, Bruno Reis não olha para Educação como uma área essencial em sua gestão: "As escolas municipais das 415 escolas municipais, são escolas sem a mínima infraestrutura, não tem biblioteca, quadra de esporte, não tem nada, pouquíssimas as que têm condições de chamar de escolas, as escolas municipais estão abandonadas, são saqueadas por vândalos cotidianamente, as escolas municipais, não têm a mínima condição de dizer que são escolas, de você frequentar, visitar, você tem 415, você tem menos de 100 que você pode chamar de escola, tudo é escola pequenininha, de quatro salas, que não tem condição, não oferece creche para todo mundo, há uma carência de 64 mil alunos, que deveriam estar nas escolas municipais, como as do governo do estado, por que o prefeito não constrói escolas, e não abarca todo mundo? Então é um caos, uma calamidade, além de ser uma questão de saúde pública, pelo forte calor, não tem climatização, não tem estrutura adequada para atender os alunos e toda comunidade escolar."

Complementa ainda que a Prefeitura de Salvador não está aberta ao diálogo, o que considerou um dos principais obstáculos nos avanços das negociações. “O problema é a falta de diálogo, não discute, impõe e foi o que deu, mandou um projeto de lei, e sem discutir com ninguém, acabou com o plano de carreiras e a revolta é geral, por isso, falta de diálogo, falta de habilidade. É um método de imposição, sem querer dialogar com ninguém, então é por isso que está acontecendo a greve, por isso a greve está mantida, por falta de diálogo”, afirma Oliveira.

De acordo com Rui Oliveira, antes de ser decretada a greve houve várias tentativas de diálogos com a Prefeitura: "Entregamos a pauta no dia 18 de março, nessa data, essa pauta, teve que ser feita paralisações, ocorreu algum tipo de entendimento, o governo começou dizendo que daria 4%, foi rejeitado, 4% dividido por duas vezes, depois modificou a proposta, porque o piso salarial,  é de R$ 4.867,77, o piso nacional, esse piso para o professor de magistério e na tabela da prefeitura, está R$ 3.072,00, então pra chegar no piso, seria um reajuste de 58%, ele não quis nem discutir, o que foi que ele fez, mandou fazer um projeto de lei, sem consultar ninguém, e fez três emendas às escondidas, na calada da noite, ele pegou duas gratificações, que já existiam, extinguiu as gratificações e os percentuais, transferiu para tirar do piso, o que não pode. O Supremo Tribunal Federal proíbe, desde 2011 que você não pode dar gratificações para juntar gratificações, para juntar e tirar do piso, ele fez isso do ponto de vista, de um projeto legislativo, que está sendo questionado na justiça, e ele trocou seis por meia dúzia, e aí distorceu o plano de carreiras, então a revolta é muito grande por causa disso."
                                                                                                                                                                                                                                                                                         
Quando questionado sobre se o ano letivo não ficará comprometido com a permanência da greve, o coordenador-geral afirmou que “quem deve dar essa opinião é o prefeito, a responsabilidade sobre o ano letivo é de responsabilidade da Prefeitura de Salvador, não são dos trabalhadores, nossa obrigação é cumprir 200 dias letivos, agora quem propicia isso é a prefeitura, tem que perguntar a ele...", pontua.

A categoria rejeitou a proposta do Executivo e apresentou uma contraproposta. Os educadores exigem a reabertura imediata da negociação e a realização urgente de uma audiência com o prefeito, com o objetivo de revisar o texto apresentado e incluir as principais reivindicações da categoria. O movimento grevista continua sem previsão de encerramento, enquanto a categoria aguarda nova sinalização por parte da Prefeitura de Salvador.

A Prefeitura de Salvador foi procurada para dar sua versão sobre a greve, mas até o fechamento da matéria não se pronunciou.