Uma recente denúncia do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto, sobre uma “cela de luxo” em um presídio baiano gerou forte repercussão, no último fim de semana, Neto usou suas redes sociais para denunciar o sistema penitenciário baiano, sugerindo que a situação refletia a desigualdade e a falência do sistema de justiça no estado.  No entanto, a resposta de diversos analistas políticos e opositores foi clara: a denúncia de Neto foi vista como uma tentativa de se promover politicamente, levantando questões sobre a ética política e o uso de tragédias e crises sociais para ganho pessoal, utilizando-se de uma crise para angariar apoio popular.

O uso da crise para fins eleitorais é um tema recorrente nas discussões sobre ética política. E, embora a denúncia em si tenha trazido à tona um problema real, a forma como foi tratada gerou questionamentos sobre a legitimidade do discurso.

O incidente levanta uma reflexão importante sobre o papel da mídia e dos políticos em situações de crise. A mídia tem a responsabilidade de dar visibilidade a problemas reais e urgentes, mas é fundamental que se evite a exploração sensacionalista. Já os políticos, ao se posicionarem sobre crises como essa, devem agir de forma responsável e focada em soluções concretas, não apenas em um discurso de oposição vazio.

O analista político José Silva afirmou: “Não é a primeira vez que ele usa uma crise como trampolim para sua imagem. Deveria ser mais cuidadoso ao usar uma denúncia como essa para se promover politicamente.” Outros também expressaram que o foco da denúncia de Neto parecia mais na criação de um espetáculo midiático do que em soluções reais para o problema.

Para muitos, o uso de uma crise como está para angariar apoio público levanta sérias dúvidas sobre o compromisso de Neto com a transformação real do sistema penitenciário, sugerindo que a denúncia poderia ter sido uma tentativa de capitalizar politicamente sobre uma tragédia.

 O caso de Neto traz à tona uma discussão mais ampla sobre a ética política. Durante crises, a mídia e os políticos frequentemente se aproveitam da situação para atrair atenção. A exploração sensacionalista de uma crise, sem um compromisso com a apresentação de soluções concretas, pode enfraquecer a confiança pública e transformar um problema sério em um palco para interesses eleitorais.

Se por um lado a denúncia de Neto sobre a "cela de luxo" trouxe à tona uma realidade alarmante do sistema penitenciário, a forma como ele se posicionou politicamente gerou divisões. A verdadeira mudança não deve ser impulsionada apenas por declarações sensacionalistas, mas por um compromisso com a implementação de reformas que atendam às necessidades urgentes do sistema de justiça e da população privada de liberdade.

Enquanto a crise no sistema penitenciário baiano segue sem soluções claras, a postura de ACM Neto, e de outros políticos, será constantemente observada. O foco, entretanto, deve ser nas mudanças concretas que realmente garantam uma justiça mais equitativa e um sistema penitenciário mais humano. Em tempos de crise, mais do que nunca, a política precisa ser orientada por propostas concretas, que busquem soluções reais, e não apenas pelo aproveitamento midiático das tragédias e crises para se autopromover.